Eu queria poder falar como o povo fala.Poder dizer o que
quero sem me preocupar com a norma culta. Ignorar Domingos
Pascoal Cegalla, Celso Cunha, Luiz Antônio Sacconi, Manoel Pinto
Ribeiro, e outros mais.Poder colocar o pronome oblíquo no início
da frase, sem me preocupar com a censura. Conjugar o verbo
namorar como se fosse transitivo indireto. Falar o português
gostoso que o povo fala... Mas esses homens engravatados,
barbeados, com cartões de crédito e chaves de carro nos bolsos,
que estão diante de mim, impedem-me de fazê-lo.
Eu queria poder dormir em uma casa de pau a pique e com
assoalho de terra batida, em cima de uma esteira de junco, e
acordar com o canto do galo... E ter como desjejum leite recém-
tirado da Mimosa. E aipim e inhame cozidos; queijo e pão caseiros.
Eu queria contar estrelas, sentir o perfume das flores, sentar
de cócoras diante de uma fogueira, comendo milho assado, e ouvir
os causos contados pelos homens simples da roça, mas cheios de
sabedoria.
Às vezes, vou a uma cidade do interior, misturo-me ao povo.
Misturar é palavra errada, sou igual todo mundo: junto me ao povo,
aos homens comuns. Converso com eles. Sento-me à mesa com
essa gente humilde e almoçamos. Pronto: adquiro a consciência de
que sou livre. Livre de Domingos Paschoal Cegalla, Sérgio
Nogueira e outros. Ouço frases lindas e cheias de poesia e calor:
“Benzinha, vamos comer um sanduíche de mortandela?! Fiz com
todo carinho pra ocê.”, “Me dá um refrigerante.”, “Comprei ela lá em
Madureira.”.
Começo a viver emoções e alegrias... De repente, os
compromissos me chamam. Acaba a boa vida. Lá estou eu diante
de homens e mulheres soberbos. Sinto-me como se estivesse
diante do Professor Evanildo Bechara, dedo em riste no meu nariz:
– Olha a gramática normativa, menino!
Eu queria ser livre.
quero sem me preocupar com a norma culta. Ignorar Domingos
Pascoal Cegalla, Celso Cunha, Luiz Antônio Sacconi, Manoel Pinto
Ribeiro, e outros mais.Poder colocar o pronome oblíquo no início
da frase, sem me preocupar com a censura. Conjugar o verbo
namorar como se fosse transitivo indireto. Falar o português
gostoso que o povo fala... Mas esses homens engravatados,
barbeados, com cartões de crédito e chaves de carro nos bolsos,
que estão diante de mim, impedem-me de fazê-lo.
Eu queria poder dormir em uma casa de pau a pique e com
assoalho de terra batida, em cima de uma esteira de junco, e
acordar com o canto do galo... E ter como desjejum leite recém-
tirado da Mimosa. E aipim e inhame cozidos; queijo e pão caseiros.
Eu queria contar estrelas, sentir o perfume das flores, sentar
de cócoras diante de uma fogueira, comendo milho assado, e ouvir
os causos contados pelos homens simples da roça, mas cheios de
sabedoria.
Às vezes, vou a uma cidade do interior, misturo-me ao povo.
Misturar é palavra errada, sou igual todo mundo: junto me ao povo,
aos homens comuns. Converso com eles. Sento-me à mesa com
essa gente humilde e almoçamos. Pronto: adquiro a consciência de
que sou livre. Livre de Domingos Paschoal Cegalla, Sérgio
Nogueira e outros. Ouço frases lindas e cheias de poesia e calor:
“Benzinha, vamos comer um sanduíche de mortandela?! Fiz com
todo carinho pra ocê.”, “Me dá um refrigerante.”, “Comprei ela lá em
Madureira.”.
Começo a viver emoções e alegrias... De repente, os
compromissos me chamam. Acaba a boa vida. Lá estou eu diante
de homens e mulheres soberbos. Sinto-me como se estivesse
diante do Professor Evanildo Bechara, dedo em riste no meu nariz:
– Olha a gramática normativa, menino!
Eu queria ser livre.
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