sábado, 6 de junho de 2015

RONALDO

A tarde já estava findando quando entrei em um sebo no Centro da Cidade do Rio de Janeiro.
   Fiquei distraído olhando as obras, quando dei por mim, estava na hora das lojas cerrarem suas portas.
    Saí à rua abraçado aos livros envelhecidos e empoeirados que comprei.  
A noite estava fria.
  Senti vontade de andar um pouco. Comecei a caminhar distraidamente. De repente, recostado a coluna de um prédio, encontrei Ronaldo. O mesmo Ronaldo que conheci há vinte anos: calmo, sereno, voz meiga e suave.
 Nos cumprimentamos, falamos de coisas do passado. Rimos,brincamos.

  Perguntei-lhe o que estava fazendo ali naquela rua... Aí,
 com a mesma calma e serenidade que sempre o caracterizou, ele
   me respondeu que estava esperando a namorada.
 
   Fiquei surpreso e falei-lhe:
     – Você marcou encontro nesta rua; em frente a uma casa
      onde há mulheres que fazem de strip-tease!

     –  Minha noiva é stripper nesta casa – disse com voz mansa e
          suave.

     – Stripper! – repeti assustado.
     – Já está quase na hora de ela chegar – novamente falou com
         suavidade e doçura.

     Dito isto, pouco depois, uma morena com roupas sumárias e
 provocantes, acompanhada de outras meninas também vestidas da
 mesma maneira surgiram diante de nós.

   Usavam calças muito justas, que não tinham mais como descer a cintura, e miniblusas
que não tinham mais como serem menores, deixando o abdômen e parte do tórax das meninas à mostra.
Apresentou-me as moças.
 Conversamos.

  Elas falaram sobre seus  shows, contaram assuntos particulares, rimos brincamos.
    Despedimos-nos com cordialidade.

   Ronaldo delicadamente pegou a mão da namorada e caminharam com passos vagarosos e suaves.
Fiquei algum tempo parado e vendo Ronaldo, de mãos dadas com a morena, trocarem beijos e    desaparecerem,  lentamente, na multidão.

   
   

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