terça-feira, 21 de abril de 2015

DA PAZ À GUERRA

Elmo Costa Cezar

Reina intensa paz e harmonia na casa de Débora e Rafael. Um silêncio profundo embala a paz do casal. Acabam de chegar de viagem. Foram passear. Estão tão felizes.
Trocam beijos. Conversam sobre o passeio. Veem filmes. Rafael afaga os cabelos de Débora e diz que a ama. Ela retribui acariciando os cabelos do amado. Mais beijos... Muito mais beijos... Mais afagos...

Débora olha para uma garrafa de vinho que está em uma prateleira e diz para o marido:
Esse vinho está esquecido há muitos anos. Vamos tomá-lo quando completarmos cinco anos de casados no mês que vem.
Rafael:
É vinho seco... Seu pai gostava muito.
A mulher fica um pouco séria e fala:
          – Papai bebia vinho como qualquer pessoa. Um cálice às refeições.
Rafael dá um sorriso:
            – Um cálice gigante. Ele gostava muito de uma birita.
            A esposa fica irada:
– Espera lá, meu filho, você nunca perde uma oportunidade de falar do meu pai. Respeite a memória dele. Fique sabendo que ele era um homem muito bom.

         Rafael:
Certa feita ele me negou um empréstimo. Velho pão-duro.
Débora esbraveja:
Ele tinha razão: você foi sempre um joão-ninguém, como iria pagar? E mais: pão-duro coisa alguma. Esta casa que você mora foi ele que me deu. Você já se esqueceu disso?
O marido:
Sim, mas comprou com dinheiro que ganhou explorando as pessoas. Era agiota.
Débora olha séria para ele:
Olha, cara, você tem inveja dele. Você nunca teve capacidade nem para comprar um quarto na favela. Você é um incompetente. Não venha falar do meu pai. Vá falar da sua mãe que se casou duas vezes, depois que ficou viúva. A velha tem um fogo!...
Rafael levanta-se da poltrona:
Seu pai era cachaceiro, sim! Enchia a cara todos os dias, ouviu? Venceu na vida dando golpes. Enganou as pessoas. E muito.
            A esposa retrucou:
       – Não sei onde estava com a cabeça quando me casei com esse estrupício. Você nunca teve capacidade para passar em um concurso, criatura fracassada na vida. Quem paga o colégio dos nossos filhos sou eu. Dependesse da miséria que você ganha, nossos filhos estariam estudando em colégio público.
O marido dá o troco:
Você tem celulite. Tem até vergonha de ir à praia. Tem queixo proeminente. Até varizes você tem.
Débora retruca:
O seu chulé, homem fracassado na vida, mulher nenhuma atura. Você é porco.
Débora toma um copo de água e diz:
         – Vou pedir a minha prima, que é advogada, para fazer o nosso divórcio. Não aguento mais. Vou dormir no quarto das crianças.

Comentários:
A palavra má é uma fonte geradora de tragédias. Por que agrediu a esposa? Pense bem antes de usar a palavra má. Proteja o seu relacionamento.
Eles estão separados há dois anos.




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