Quando um homem liga para a prima dele e começa a conversar com ela o marido da prima diz logo:
- O quê que esse cara quer. Cara enjoado, p..., não vê que está incomodando. Vá conversar com a mulher dele. Vá procurar o que fazer...
A mulher responde:
- Vocês cansaram de brincar juntos. Agora você está com essa frescura.
O marido diz:
- Foi naquela época. Hoje seu primo é personal trainer. Nem pensar em ser orientada por ele. Vamos esquecer esse sujeito.
Quando essas mesmas pessoas ficam velhas , o pensamento muda... Passam a ter prazer em receber visitas e telefonemas de parentes. Nesta fase da vida, o tempo já desmanchou grande parte dos atrativos do corpo, o ciúme, então, diminui ou acaba... Vem a solidão e os parentes e amigos, que antes eram repelidos por causa do ciúme, passam a ser aceitos. O cotidiano do idoso é mais ou menos assim: uma idosa casada recebe telefonema de um primo que não vê há muito tempo. Convida-o para visitá-la. O primo chega e ela o recebe com espontaneidade. Eis o diálogo:
– Primo, como vai? Há quanto tempo! Os meus filhos se casaram. Estamos sós. Vá entrando! Sente-se! Fiz uma cirurgia de colo do fêmur. Como sofri! Olhe a cicatriz!...
A prima levanta o vestido e, na maior naturalidade, sem nenhum pudor, na frente do marido, mostra a cicatriz ao parente.
A idosa continua:
Primo, você já almoçou?
O primo responde:
– Não!
A velhinha acrescenta:
– Primo, vá à copa. A comida ainda está quente. Sente-se. Coma à vontade.
Após o almoço, eles e conversam sobre coisas do passado.
O marido da prima fala:
– Durma no quarto do Carlinho (um dos filhos que se casaram). Descanse à vontade. Eu também vou dormir um pouco. Quando você acordar, vamos jogar cartas, para passar o tempo...
Daí para a frente, trocam constantemente telefonemas e visitas.
Os primos voltam a ter a espontaneidade e o carinho que existiram entre eles na infância e na adolescência, até o casamento.
O tempo é senhor de tudo.